segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Amanhã vai ser outro dia!


Não são os homens, mas as idéias que brigam
Debates acirrados, disputas partidárias, comícios, passeatas, críticas caluniosas, alianças esdrúxulas e propagandas tendenciosas. Muitas vezes ficamos tão aficcionados pela velha rixa de antigos desafetos políticos, anestesiados pela sutil propaganda usada por partidos antagônicos, que não percebemos a inexistência de propostas políticas coerentes e originais dos candidatos. Influenciados e manipulados por uma mídia que padroniza comportamentos e idéias, quase não se discute a ausência de propostas inovadoras no discurso eleitoral, quase não se discute a inexistência de partidos com uma base ideológico-partidária clara e distinta, evidência flagrante da tentativa de legendas que tentam apenas angariar votos do eleitor indeciso ou desinformado.
A renovação de idéias, de propostas e de crenças é fator necessário e indispensável a um sistema democrático. Mas na medida em que partidos e candidatos tornam-se cada vez mais similares o eleitor não consegue discernir projetos políticos interessantes para o país. Legendas que a todo instante mudam sua base ideológica, legendas que a cada novo processo eleitoral fazem alianças com inimigos históricos, partidos que não passam de um aglomerado de idéias difusas e retrógadas não podem mais ser aceitos no cenário político brasileiro. Não importa se o eleitor vota em um candidato de esquerda ou de direita, num radical marxista ou em um democrata cristão. Importando apenas que o cidadão ao exercer o seu voto consiga perceber as nuances de cada projeto, claramente delineados e definidos por candidatos e partidos.
Questões como o aborto, a união civil entre conjugues de mesmo sexo, a adoção de crianças por casais de parceiros de mesmo sexo, a permanência do sistema de cotas, o aprofundamento da reforma agrária, a transposição do rio São Francisco, a revisão e a ampliação de programas sociais como o bolsa família e o Prouni, as controvertidas privatizações e as reformas do sistema tributário, político, financeiro e educacional, além do combate as carestias do nordeste e a devastação do bioma amazônico, o desemprego estrutural causado pela intensa mecanização do campo e conseqüente inchaço das metrópoles, a política internacional e a intensificação do combate a extrema desigualdade existente no Brasil são temas quase inexplorados por partidos e candidatos. Infere-se daí duas atitudes que não mais podem ser desconsideradas pela população brasileira, ou os estadistas não possuem interesse por esses temas, e estão pleiteando cargos públicos apenas por motivações pessoais escusas, ou não possuem a capacidade conciliatória necessária para discorrer sobre temas controvertidos, não possuindo as qualidades necessárias para exercerem os cargos a que postulam.
A discussão à cerca de temas polêmicos e a delimitação de posicionamentos ideológicos claros e definidos, são uma evidência indiscutível de fortalecimento e consolidação de um sistema democrático que infelizmente ainda não é comumente utilizado no ambiente político brasileiro.
"Um político pensa na próxima eleição; um estadista, na próxima geração."
(James Clarke)

(Edson de Sousa)

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